Resenha: A Máscara da Morte Rubra (1842) - Edgar Allan Poe

Resenha: A Máscara da Morte Rubra (1842) - Edgar Allan Poe

A Máscara da Morte Rubra (1842) – um conto de Edgar Allan Poe

 

por Giuliano de Méroe

 

Esta resenha é sobre o famoso conto do escritor Edgar Allan Poe, A Máscara da Morte Rubra, que inspirou o filme homônimo.

 A “Morte Rubra” foi uma pestilência fatal que devastava “o país”, supostamente, a Itália medieval. A vítima acometida dessa doença apresentava tonturas súbitas, dores agudas e um profuso sangramento pelos poros, e terminava em óbito dentro de trinta minutos.

O romancista recria uma atmosfera gótica ao discorrer sobre os ornamentos da abadia fortificada, a tapeçaria de veludo negro, as decorações dos salões, os vitrais das janelas, vestuário das pessoas e no último salão, escuro, com uma janela rubra, um antigo relógio de ébano, com pêndulo.

A história se passa na idade média, quando o príncipe Próspero era um governante tirano que assim que se notificou de que seus domínios ficaram despovoados, convocou os cavaleiros, damas, nobres e fidalgos de sua corte, retirando-se com eles para sua abadia, imaginado estar protegido da epidemia que assolava o seu reino. Próximo do sexto mês de sua reclusão, enquanto a peste atingia seu ápice, o príncipe ofereceu aos seus convidados um extravagante baile de máscaras.

A abadia dispunha de sete salões, cada um com uma cor distinta, do primeiro ao sétimo (azul, púrpura, verde, laranja, branco, violeta e negro). Ao contrário da maioria dos outros salões imperiais, os aposentos eram irregularmente dispostos: a visão frontal abrangia pouco mais que um de cada vez, de vinte a trinta jardas[1]; havia curvas agudas entre eles, e a cada curva uma nova impressão, e entre as paredes que separavam os salões, havia uma janela gótica. O príncipe de gosto excêntrico, para celebrar a festa com seus convivas havia improvisados tudo, bufões, valsistas, dançarinos, música e vinho. Os nobres convidados extravasavam-se nessas festas, e como também queriam se proteger da epidemia, se submetiam aos seus caprichos.

Durante a sequência da mascarada, do último salão, o príncipe avista um desconhecido, em cujos trajes e condutas não existiam humor, nem civilidade, pois assumia o extremo da caracterização da Morte Rubra. A Figura trajava vestes mortuárias, salpicadas de sangue e uma máscara cadavérica. Insultado pela insolência dessa aparição, o príncipe desembainhou sua adaga para confrontá-la. Enlouquecido de fúria e de vergonha, Próspero disparou pelos seis aposentos, se acercou rapidamente, a dois ou três passos da figura, que se retirava, e, atingido a extremidade do salão, virou-se rapidamente...

Houve um grito – a adaga tombou cintilando sobre o tapete, e o príncipe caiu prostrado, morrendo a seguir. Estupefatos de horror, os festivos convidados cercaram e agarraram o desconhecido, o desmascaram e, com grande surpresa, descobriram que não havia ninguém dentro das vestes; logo após, os convidados começaram a morrer, um a um, na posição em que tombavam. A vida do relógio de ébano se extinguiu com a morte do último nobre.

Os contos de Edgar Allan Poe influenciaram muitos diretores de cinema. A Máscara da Morte Rubra inspirou várias versões para cinema e teatro. O diretor Roger Corman, aproveitou o conto “A Máscara da Morte Rubra” para elaborar um longa-metragem, The Masque of the Read Death (1964), com Vincent Price no papel principal (príncipe Próspero).

O conto impressiona pelo realce dos detalhes, o processo de acometimento da doença, a decoração, a aparição da figura misteriosa, a morte do príncipe e, sobretudo pelo clima de tensão que Poe consegue envolver o leitor.



[1] Segundo o dicionário eletrônico Houaiss, jarda é uma unidade de medida de comprimento, inglesa e norte americana, equivalente a 91,44 cm ou três pés