Almeida, o Conservadorismo-Absolutista Papal impediu o seu sonho: ver a Bíblia em Português.

Almeida, o Conservadorismo-Absolutista Papal impediu o seu sonho:  ver a Bíblia em Português.

Almeida, o Conservadorismo-Absolutista Papal impediu o seu sonho:

ver a Bíblia em Português.

Vitor Reis de Melo

 

Resumo: O objetivo desse artigo é dar a devida importância ao homem chamado João Ferreira e Almeida. Tão pouco lembrado, tão pouco discutido ainda mesmo no nosso meio. Um tesouro nas Mãos de Deus, e presenteado para nós. O ponto é de valorizá-lo a altura do que ele foi para a tradução da Bíblia para o Português.                            

 

Abstract: The purpose of this article is to give due importance to the man named João Ferreira e Almeida. So little remembered, so little discussed even in our midst. A treasure in the Hands of God, and given to us. The point is to value him the height of what he was for the translation of the Bible into Portuguese.

 

Antes de falar de Almeida é necessário pensarmos o século XVII. Para não descrever a sua breve biografia destoada do o seu tempo. Mas, o foco é fazer uma espécie de tabuleiro de jogo de xadrez. Devido, aos acontecimentos de séculos anteriores lhe dá base para Almeida a sua empreitada chamada a tradução da Bíblia. Pelo menos três grandes eventos históricos no século XVII já eram realidade: os Pré-Reformadores (John Wycliffe, Jonh Huss, Jerônimo Savanarola; e William Tyndale a Invenção da Imprensa de Gutenberg[1]; e a Reforma Protestante. Os questionamentos internos e externos que passava a Igreja a expõe perante a Sociedade Medieval. Isso lhe tira o poder ou pelos menos a enfraquece.         Segundo o Colunista Vitor Reis de Melo e o Professor Renato Siqueira, a Sociedade Medieval era uma repetição do Período Antigo.

A Sociedade Europeia Medieval era plural, como em todo momento histórico teve questões culturais, religiosas, institucionais que deixaram cicatrizes fortíssimas de herança nas gerações vindouras. O Período que nomeado de a Noite de Mil Anos, pelos Iluministas dura cerca de dez séculos (V-XV). Dois pontos são de destaque: primeiro, que para muitos Historiadores é considerada uma extensão da Idade Antiga. E segundo, sobre esta Sociedade que será construída a Europa Moderna (DE MELO e QUEIROZ, 2015, 01 p.).

Segundo Francisco Cambi, o que traz a morte para a Idade Média é a desorganização ou desequilíbrio. “É em meio a todo esse caos. É o Poder Político que vem socorrer O Poder Econômico. A tal ponto que ocorre uma simbiose entre e Poder Político e o Poder Econômico, onde não se enxerga. O Primeiro e o Segundo e nem tão pouco o seu início e o seu fim. Pois, a Idade Média é uma Sociedade de pouco ou nenhuma mobilidade social. Dependendo de relações interpessoais com o Rei e a Nobreza, para mover-se socialmente” (DE MELO apud DE MELO e QUEIROZ, 2015, 02 p.). Apesar do Século XVII já estarmos situados na modernidade, isso não deixa de trazer consigo algumas características que ficarão no interior da Sociedade Medieval até    a Revolução Francesa. O Conservadorismo-Absolutista Papal ficava de pé porque também aproveitava principalmente, das Tradições. O Conservadorismo como Ideologia Política têm cinco pontos importantes para Andrew Heywood:

 

Segundo Andrew Heywood são os cinco pilares bases do Conservadorismo. São sobre esses pilares que a Igreja Católica se aproveitará para estabelecer o seu poder. Principalmente, por meio das Tradições. É o ponto de mais destaque. As Tradições são os caminhos difusores dos costumes quer sejam religiosos, quer sejam sociais. É a imaterialidade do corpo é o que faz o corpo medieval ficar de pé.  É em nome das Tradições que os Pré-Reformadores como Huss e Wycliffe são queimados como hereges. Para A. Kenneth Curtis, “durante a Idade Média, apenas poucas pessoas possuíam a Bíblia ou livros de qualquer tipo. Os monges copiavam os textos à mão, em folhas de papiro ou em pergaminhos feitos de peles de animais. O custo desses materiais e a remuneração do tempo utilizado pelos copistas estavam muito além das posses do homem comum, mesmo quando o livro que determinada pessoa quisesse ler estivesse ao seu alcance” (CURTIS, 2003, 87 p.). Direciona-nos ao passado por meio dos costumes atuais herdados difundidos. “Os Conservadores também veneram a tradição porque ela proporciona um senso de identidade para a Sociedade e para o indivíduo. Os costumes e práticas estabelecidos são aqueles que os indivíduos podem reconhecer; são familiares e geram tranquilidade” (HEYWOOD, 2010, 80 p.).  

O Conservadorismo também vê a sua origem nas Tradições, pois, estas vêm de Deus. “Se o Mundo foi feito por Deus, o Criador, então considera-se que os costumes e práticas tradicionais na sociedade são concedidos por deus” (HEYWOOD, 2010, 80 p.). O Conservadorismo Papal também é absolutista, devido, a luta pelo poder como Monarquia. Sem falar em Teorias que corroboram para o fortalecimento papal. Por exemplo, a Teoria do Direito Divino de Jacques Boussêt. Da Igreja emanava: Tradição, Autoridade e Palavra.  Ainda a Sociedade era religiosa. A Teoria do Direito Divino colocava o Papal sobre o Rei, ou seja, o poder que você tem, eu lhe institui. Por isso nenhum queria está contra o Papa. Mas, quando Napoleão vai ser coroado pelo Papa, ele toma coroa da mão do Papa. Mostrando lhe que a Igreja continuaria no seu devido lugar, apenas uma Instituição Religiosa.

 

As Tradições medievais passavam pela língua. A tradução de um livro como a Bíblia Sagrada devia passar pela inspeção do Papa, ou alguém que o representasse. Sem mencionar que: o latim; o grego e o hebraico eram considerados sagrada. Segundo   A. Kenneth Curtis, “uma das maiores mudanças do século xv teve enorme impacto sobre essa situação. Na década de 1440, João Gutenberg experimentou a impressão com tipos móveis de metal. Ao montar um livro com tipos de chumbo, ele podia fazer muitas cópias a um custo muito inferior ao de um texto copiado à mão” (CURTIS, 2003, 87 p.). Assim, o que Huss, Tyndale e Lutero fizeram ao traduzir a Bíblia para a língua popular para que todos a entendessem. “Sem a invenção de Gutenberg, talvez os objetivos da Reforma tivessem levado mais tempo para ser alcançados. Uma vez que apenas o clero podia ler a Palavra de Deus e compará-la aos ensinamentos da igreja, a Bíblia tinha um impacto limitado sobre o cristão comum” (CURTIS 2003, 87 p.). Foi uma desobediência, mesmo com a Imprensa já criada por três séculos, pois, os tempos eram outros.

Com a invenção da máquina de impressão, Lutero e os outros reformadores poderiam fazer com que a Palavra de Deus ficasse disponível "a todo jovem do campo e a qualquer empregada doméstica". Lutero traduziu as Escrituras para um alemão bastante eficaz e de fácil leitura, usado durante vários séculos. A partir do momento em que todos tiveram acesso à Bíblia, nenhum sacerdote, papa ou concilio se colocava entre o cristão e sua compreensão da Bíblia. Embora muitos afirmassem que o homem comum poderia não compreender a Palavra de Deus e talvez precisasse que ela fosse interpretada pelos clérigos, os alemães começaram a fazer exatamente isso (CURTIS 2003, 87 p.).

Segundo Umberto Castagnola o jeito de pensar do homem no século XVII já não o mesmo reinava o: Racionalismo[2] e Empirismo[3].  No Século XVII é o ápice da Idade Moderna, a História está em um ponto sem volta. Daí para a frente é a Revolução Francesa e o Império Napoleônico. O cenário está pronto. Segundo o Colunista Luis Sayão[4] do site Prazer da Palavra, A tradução Almeida é muito difundida, mas, a sua biografia não pode ser considerada no mesmo patamar. Pois, o que sabe é que foi um Padre e basta. A relação de Portugal com bíblia é antiga segundo o Colunista:

A história da Bíblia em português tem início em terras lusitanas. O rei D. Diniz (1279-1325) traduziu os primeiros vinte capítulos de Gênesis a partir da Vulgata Latina de Jerônimo.  A iniciativa portuguesa foi anterior a qualquer empreendimento de tradução bíblica na Inglaterra e na Alemanha. Outras tentativas parciais de tradução de trechos bíblicos ainda ocorreram nos tempos de D. João I e da infanta D. Filipa nos dois séculos seguintes. Por causa da crescente intolerância católico, quase todos estes esforços foram destruídos (https://prazerdapalavra.com.br/colunistas/luiz-sayao/3633-a-longa-historia-da-biblia-de-joao-ferreira-de-almeida-luiz-sayao).

Segundo a Revista defesa da Fé[5], Almeida nasceu por volta de 1628, em Torre de Valadares, Portugal. Por isso o trabalho de elucidar o século XVII, para ver como ele se encaixa nesse tempo. Ele era um autodidata: Escritor; Tradutor; Pastor e Missionário. Não sem têm informações a respeito de sua primeira infância e segunda infância. As informações encontradas são depois de seus 14 anos, que hoje chamamos de adolescência. Assim, como esse homem é um baluarte para o Evangelho e sua biografia é desconhecida ou não pesquisada (por nós cristãos). Parece que não é interessante, não dá ibope. E é um assunto que alimenta nossa fé, pois ele uma divisor para a Igreja do seu tempo. Pois, a seguir o seu trabalho como Missionário na Ásia Portuguesa, cerca de 30 anos depois os Irmãos Morávios são usados por Deus para Reacender as Missões, agora na Modernidade.

Para Luiz Sayão, “a primeira tradução da Bíblia completa para o português foi resultado do trabalho de João Ferreira de Almeida. Com toda certeza, trata-se da versão mais distribuída na história das Bíblias em língua portuguesa. Todavia, a maioria dos cristãos desconhece as inúmeras revisões ocorridas na obra original, encerrada em 1753”.  Assim, aos 14 anos Almeida já havia se convertido e aos 16 anos já havia começado a traduzir e Bíblia. Isso ele já se encontrava na Ásia, mais precisamente, em Málaca ou Malásia. Outro ponto do cenário do século XVII que deve ser levado em conta é a importância que a língua portuguesa. Pois, onde está Almeida é extensão do Império Lusitano. É o inglês do século XVII. A Inglaterra e a França ainda não o superou. A partir de 1644 ele começou a trabalhar na tradução ao mesmo tempo não só dos Evangelhos, mas, como de algumas Cartas não se sabem quais.   Essa tradução do Espanhol, especificamente durou cerca de 1 ano. Todavia, ele se perdeu – nunca teria sido publicado.

Por volta de 1650, o Pensamento dos Intelectuais do Mundo está direcionado para o Empirismo, que é o questionamento do Racionalismo. Nesse contexto, na Ásia Almeida intensifica o seu trabalho, só muda de região. A sua sede do seu trabalho pastoral é a ilha de Java – já como Pastor. Então, não só trabalha traduzindo, mas como missionário e Pastor. Traz para si uma missão pessoal, que lembras os Reformadores: combater as heresias papais. É nesse tempo de grande demanda que ele prepara professores, no foco dar continuidade ao seu trabalho. Na Índia passou por experiências pessoais bem fortes como a não aceitação me todos os níveis, por muitos motivos no Tuticon, não permaneceram por muito tempo, devido, a não-acessibilidade do povo. Também é na década de 1650, no Ceilão (Ilha de Java), que ele conhece, e depois de casa com Lucrecia Valcoa de Lemos. Ela é uma ex-Católica Romana, logo depois, de casados ela lhe concede um casal de filhos.

De 1660-90 a vida de Almeida sintetiza-se em Batávia. Na década de 1670 ele entra em contato com os Clérigos que havia terminado a tradução do Novo Testamento. Segundo a Revista Defesa de Fé, “embora o trabalho de revisão e correção da primeira edição do Novo Testamento não tenha sido visto pelo autor, pois, demorou de longos anos para ser concluída, a segunda versão foi impressa na própria Batávia e dali distribuída para os povos de língua portuguesa” (DEFESA DA FÉ, 2002, 44 p.). Mas, Almeida enquanto respirou trabalho em prol dos seus propósitos. “Enquanto aguardava essa revisão, Almeida iniciou o trabalho de tradução do Antigo Testamento. Em 1683, ele completou a tradução do Pentateuco” (DEFESA DA FÉ, 2002, 44 p.). Almeida não consegue ver o seu sonho, devido a burocracia que as Autoridades Eclesiásticas e Governamentais exigiam naquele templo. Como um tradutor que não fosse do local, este que revisaria e tradução. Pois, se tratava de Bíblia. E lógico, precisava da autorização do Governador das Índias Orientais. Nos anos de 1670 Almeida já se encontra doente, “seu ritmo de trabalho era limitado. Ao diminuir suas atividades pastorais, passou a dedicar maior parte do tempo à tradução. Embora abnegado e com um objetivo claro, Almeida faleceu em 06 de agosto de 1691, na Batávia, sem ver a sua obra completa” (DEFESA DA FÉ, 2002, 44 p.).  Segundo o Colunista Luiz Sayão:

A primeira tradução da Bíblia completa para o português foi resultado do trabalho de João Ferreira de Almeida. Com toda certeza, trata-se da versão mais distribuída na história das Bíblias em língua portuguesa. Todavia, a maioria dos cristãos desconhece as inúmeras revisões ocorridas na obra original, encerrada em 1753. A obra original de Almeida passou por impressões na Holanda e na Inglaterra (Sociedade Bíblia Britânica), e logo começou a sofrer revisões. Em 1840, o capelão inglês E. Whitely fez uma revisão do texto que ficou conhecido como edição REVISTA E EMENDADA, publicada em 1840 na cidade do Porto. Em 1847 a Sociedade Bíblica Trinitariana publicou uma revisão da Bíblia sob a direção de Thomas Boys. Essa revisão foi chamada edição REVISTA E REFORMADA. Não muito tempo depois, em 1875, surgiu a edição REVISTA E CORRECTA, que corrigiu a ortografia e outros erros. Esse projeto foi liderado pelo português João Nunes Chaves (https://prazerdapalavra.com.br/colunistas/luiz-sayao/3633-a-longa-historia-da-biblia-de-joao-ferreira-de-almeida-luiz-sayao).

Buscando também como fonte a Revista Defesa da Fé: “seu amigo e companheiro de ministério, o Pastor Holandês Jacobus Op Den Akker, completou o eu trabalho ao concluir de todo o Antigo Testamento” (DEFESA DA FÉ, 2002, 44 p.). Em suma, mesmo não tendo conteúdo semelhante à sua importância, o Almeida sempre será lembrado pelos que amam apalavra de Deus. O seu papel foi tão importante quanto o do Apóstolo Paulo. É devido, a Graça de Deus e a disposição de Almeida, em deixar ser usado por Ele (Deus) é que os Cristãos têm acesso a Bíblia em Português, e que consiga sempre achar homens assim: destemidos, com fé e dispostos a colocar seus dons para a propagação do seu Reino e sua Palavra.

 

 

Referências:

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 4ª edição.  São Paulo: Martins Fontes, 2000. 1026 p.

“A Bíblia Sagrada em Português” in: Revista Defesa da Fé. (Revista de Apologética do Instituto Cristão de Pesquisa). Ano 07 – nº 51, 66 p.

“A Bíblia ao Alcance de todos” in: Revista Defesa da Fé. (Revista de Apologética do Instituto Cristão de Pesquisa). Ano 07 – nº 51, 66 p.

CAMBI, Franco. História da Pedagogia. Tradução: Álvaro Lorencini. São Paulo. Fundação Editora da UNESP (FEU), 1999.

DE MELO, Vitor Reis e QUEIROZ, Renato Siqueira. Intelectuais da Igreja na Baixa Idade Média: nas Universidades in: Revista Acadêmica On Line: Ano 01 – n º 08.  

HEYWWOD, Andrew. Ideologias Políticas, [v.1]: do Liberalismo ao Fascismo. Tradução: Janaína Marco Antonio, Mariane Janikian. 1ª Ed. 1ª impressão. São Paulo: Ática, 2010. 256 p.

PADOVANI, Umberto e CASTAGNOLA, Luís. História da Filosofia. 13ª edição.  Editores Melhoramentos, 1981. 587 p.

“1456 João Gutenberg produz a primeira Bíblia impressa” in: Os 100 acontecimentos mais importantes da história do cristianismo: do incêndio de Roma ao crescimento da Igreja na China / A. Kenneth Curtis, J. Stephen Lang e Randy Petersen; tradução Emirson Justino — São Paulo: Editora Vida, 2003. 205 p.

 

 

Site:

https://prazerdapalavra.com.br/colunistas/luiz-sayao/3633-a-longa-historia-da-biblia-de-joao-ferreira-de-almeida-luiz-sayao

 

 

 


[1] Segundo a Revista Defesa da Fé: Alemão; Tipógrafo; Ourives. Usou a sua habilidade com metais e fundição, e a transferiu trabalhando em uma prensa por cerca de 16 anos até chegar o seu protótipo final. A primeira tradução foi a Bíblia Sagrada de Jerônimo, a Vulgata.  

[2] “Em geral, a atitude de quem confia nos procedimentos da razão para a determinação de crenças ou de técnicas em determinado campo. Esse termo foi usado a partir do séc. XVII para designar tal atitude no campo religioso” (ABBAGNANO, 2000, 821 p.).

[3] “Corrente filosófica para a qual a experiência é critério ou norma da verdade, considerando-se a palavra

"experiência" no significado. Em geral, essa corrente caracteriza-se pelo seguinte: Ia negação do caráter absoluto da verdade ou, ao menos, da verdade acessível ao homem; reconhecimento de que toda verdade pode e deve ser posta à prova, logo eventualmente modificada, corrigida ou abandonada” (ABBAGNANO, 2000, 326 p.). 

 

[4] https://prazerdapalavra.com.br/colunistas/luiz-sayao/3633-a-longa-historia-da-biblia-de-joao-ferreira-de-almeida-luiz-sayao

[5] Revista Brasileira de Apologética Cristã Publicação Inter denominacional do Instituto Cristão de Pesquisa