PSICOMOTRICIDADE E SUA IMPORTÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, AFETIVO E SOCIAL DA CRIANÇA

PSICOMOTRICIDADE E SUA IMPORTÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, AFETIVO E SOCIAL DA CRIANÇA

PSICOMOTRICIDADE E SUA IMPORTÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, AFETIVO E SOCIAL DA CRIANÇA

 

 

Leila Maria de Souza Cavalcanti

 

 

RESUMO: Com base em estudos sobre a temática, o presente artigo busca dissertar a respeito das contribuições que a Psicomotricidade pode oferecer em prol do desenvolvimento da criança durante a Educação Infantil, potencializando as capacidades do indivíduo em fase de crescimento. Assim como também procura promover a atuação do professor como agente facilitador do desenvolvimento.

 

PALAVRAS-CHAVE: Psicomotricidade; Desenvolvimento; Formação.

 

 

Introdução

O estudo da psicomotricidade se concentra nos movimentos do corpo aliado ao coração e à mente, em prol do bem-estar do homem em todas as fases de sua vida. Sob a consciência dos aspectos abordados pelos conhecimentos deste ramo de estudo, é possível trabalhar apropriadamente no desenvolvimento do indivíduo na fase mais importante de sua formação, na infância, onde suas habilidades motoras juntamente com a sua cognição e suas emoções estão sendo moldadas a partir do ambiente onde vive. Pois como Rita Thompson define em Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem:

 

O desenvolvimento pode ser definido em termos das mudanças que ocorrem ao longo do tempo de maneira ordenada e relativamente duradoura e afetam as estruturas físicas e neurológicas, os processos de pensamento, as emoções, as formas de interação social e muitos outros comportamentos.

(THOMPSON, 2000, p. 45)

 

A partir de estímulos e de orientação adequada, a criança tem oportunidades de desenvolver plenamente suas habilidades corporais, que ao longo de sua vida lhe auxiliarão na aprendizagem, no equilíbrio e no domínio sob o próprio corpo.

A aplicação dos conhecimentos da psicomotricidade coloca-se no campo da Educação Infantil como contribuição altamente relevante para o desenvolvimento da criança em diversos pontos, sendo fundamental para o aperfeiçoamento do trabalho com eles por parte dos profissionais da Educação. Sob posse dos saberes a respeito das necessidades psicomotoras dos educandos, o docente estará apto para proporcionar à criança possibilidades formativas que desenvolverão de maneira sólida suas habilidades.

Através de um processo de acompanhamento do próprio tempo de maturação da criança, isto é, enquanto ela cresce e aprende lidar com o próprio corpo (estando em constante aprendizagem a respeito do mundo que a cerca), os educadores podem identificar os pontos fracos de seu desenvolvimento e as dificuldades não reconhecidas sem atenção adequada e especializada.

Portanto, sob o apoio de estudos sobre psicomotricidade como o Manual de Observação Psicomotora (1995) de Vitor Fonseca e o Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem (2000) de Rita Thompson, este trabalho pretende explorar a temática da importância do assunto para o desenvolvimento humano, sob os aspectos emocionais, cognitivos e motores, especialmente durante infância, fase primordial da vida. Ao ser tema deste trabalho, esta produção textual propõe uma reflexão quanto à necessidade de posse dos saberes que podem apropriadamente intervir na formação do indivíduo, vindo a fazer toda a diferença ao longo vida.

 

1. O Descobrimento do Mundo

As experiências sensoriais acontecem através do relacionamento que o ser humano estabelece com o mundo por intermédio do seu próprio corpo. Descobrindo e aprendendo com tudo o que a cerca, a criança aprende a interagir com o mundo e as pessoas, gerando sua visão pessoal sobre essa contínua experiência de mundo. Thompson (2000) afirma que:

 

As experiências motoras da criança são decisivas na elaboração progressiva dessas estruturas que aos poucos dão origem às formas superiores de raciocínio, isto é, em cada fase do desenvolvimento, ela consegue uma determinada organização mental que lhe permite lidar com o ambiente.

(THOMPSON, 2000, p. 45)

 

Os movimentos corporais proporcionam o descobrimento de tudo para o indivíduo. Por exemplo, quando as crianças brincam, pulando, gritando e correndo, estão se colocando em contato com o mundo, e a partir disso, o compreendendo e adquirindo os primeiros conhecimentos. É a partir dos primeiros movimentos da criança que o seu desenvolvimento físico amadurece, sendo essa uma fase importante que poderá marcar o resto da vida de uma pessoa.

As capacidades físicas serão desenvolvidas durante o processo de crescimento da criança. De forma gradual, ela enfrentará situações naturais que lhe farão interagir com o mundo, em níveis de complexidade que se sucedem e mudam. Através dessas experiências o indivíduo perceberá limitações e habilidades. Como Thompson afirma:

 

Saber sobre algo significa o indivíduo colocar-se a si mesmo e ao objeto em um sistema de relações, partindo de uma ação executada sobre o mesmo. A construção do conhecimento não é algo adquirido de fora para dentro. Depende das ações sensório motoras que, coordenadas, ativam, organizam e estruturam o sistema nervoso do organismo humano. Ao agir sobre o mundo, a criança aprende a controla-lo.

(THOMPSON, 2000, p. 45)

 

Junto a execução dos movimentos da criança e desta fase de exploração, estão correlacionados o domínio da sua coordenação motora e o desenvolvimento da sua emoção, além do lançamento dos fundamentos da sua cognição. E são nesses pontos, emoção, movimento e cognição que se concentra o estudo da Psicomotricidade. Por isso, o acompanhamento do desenvolvimento da criança envolvendo os conhecimentos dessa área proporcionará de maneira eficaz o controle e uso das potencialidades psicomotoras do indivíduo em fase de crescimento.

 

2. O Desenvolvimento Psicomotor

Enquanto o ser humano se desenvolve, ele estabelece contato com o mundo exterior. A partir das condições que encontra seu sistema nervoso é organizado, determinando os aspectos cognitivos e motores da criança. Como Vitor Fonseca afirma em Manual de Observação Psicomotora (1995), o desenvolvimento pleno da motricidade pode não acontecer, por falta de estímulo necessário, pois a psicomotricidade é o resultado da relação entre o interno e o externo da criança.

Para que essa relação aconteça, ela precisa perceber o seu próprio corpo como existente. Semelhante a noção da percepção de si quando alguém diz "desde que me conheço por gente...", a criança se conscientiza sobre os próprios sentidos no ambiente em que vive. Como Fonseca afirma:

 

É necessário que a criança simbolize seu corpo, de uma expressão semiótica a seu corpo. Esta simbolização do corpo em si e no envolvimento é vital para a aprendizagem humana e essencial para a evolução cognitiva da criança.

(FONSECA, 1995, p. 301)

 

Fonseca (1995) fala sobre a psicomotricidade como resultado da experiência individual da criança, pois através do domínio de diversos aspectos ela pode sentir, se expressar através da linguagem corporal e falada e se movimentar. Através de seus movimentos a criança aprende, explora, desenvolve suas habilidades e constrói sentimentos e emoções a respeito do mundo que a cerca.

Quando há um acompanhamento eficaz do desenvolvimento dessas habilidades, é possível reconhecer prováveis deficiências e intervir ainda na Educação Infantil, sendo ações de prevenção ou de correção. Essas intervenções têm o objetivo de auxiliar o bom amadurecimento dos aspectos motores e cognitivos do educando.

Dessa forma, Fonseca (1995) analisa um conjunto de sete fatores a fim de observar a Psicomotricidade, a chamada Bateria Psicomotora (BPM), instrumento de observação psicoeducacional. Entre esses fatores estão a noção do corpo, a lateralidade, a estrutura espaço-temporal, a tonicidade, equilibração, praxia global e fina, além de mais vinte e oito subfatores, como forma de avaliação do perfil psicomotor da criança.

Thompson baseou-se no estudo de Fonseca quando afirma que:

 

Os Diferentes processos que integram o desenvolvimento psicomotor não são fenômenos inseparáveis, e, por isso, a maturação neurológica, o desenvolvimento do esquema e da imagem corporal, os processos de lateralização, as coordenações, o equilíbrio, o ritmo, e até mesmo o desenvolvimento cognitivo e da linguagem devem ser abordados em seu conjunto. (THOMPSON, 2000, p. 48)

 

Visto as possibilidades de concentração e análise em torno de cada um dos diversos aspectos que tocam ao desenvolvimento infantil, o estudo da Psicomotricidade relaciona-se com muitas áreas da ciência, como a Psicologia e Neurologia, recebendo contribuições dessas áreas de conhecimento para o seu avanço. Até o conceito de Psicomotricidade muda dependendo do ponto de vista.

Dessa forma, Fonseca (1995) trata a Psicomotricidade através do olhar da psiconeurologia, de maneira a trazer autoridade sobre o assunto com uma abordagem científica a fim de compreender a ligação entre o comportamento e a funcionalidade do sistema nervoso humano. O autor explica em sua obra as origens desse ramo do conhecimento.

Assim, o mesmo afirma que a Psicomotricidade pode mudar de conceito devido aos futuros avanços das pesquisas científicas e acadêmicas, podendo estas contribuir com novas informações e perspectivas para a temática. Por isso, o estudo da Psicomotricidade tende ser cada vez mais expandido através das constantes atualizações e contribuições de diversas ciências. Portanto, se trata de um assunto transdisciplinar.

 

Considerações finais

A importância da Psicomotricidade no desenvolvimento da criança reside no esforço em proporcionar um ambiente de aprendizagem que leve em conta a saúde emocional, cognitiva e motora durante a sua fase de crescimento, a fim de no futuro o indivíduo tenha o exercício pleno de suas habilidades e competências.

O bom exercício docente proporcionará à criança oportunidades de estabelecer equilíbrio quanto as suas capacidades psicológicas, emocionais e motoras em relação ao mundo. Protegida em um ambiente de supervisão e orientação, a criança formará bases para encarar o crescimento de maneira saudável e pronta para assimilar com o corpo, a mente e as emoções às mudanças de fase da vida.

O potencial humano está intimamente relacionado ao ambiente em que se desenvolve e às oportunidades que encontra para amadurecer e se estabelecer. Proporcionar tempo e espaço para que o indivíduo crie conexões psicomotoras adequadas às suas necessidades é dar chance para a maturação humana saudável, em todas as suas possibilidades.

Enriquecer os cursos de pedagogia com os conhecimentos científicos atualizados sobre as questões relacionadas à Psicomotricidade, é de fundamental importância para a formação de professores realmente conscientes sobre esse aspecto do desenvolvimento infantil. A preparação dos docentes contribuirá no planejamento de atividades que trabalhem as atuais capacidades psicomotoras de seus educandos, conectando as noções que a criança tem sobre o seu próprio corpo ao ambiente didático.

 

O presente trabalho objetivou dissertar sobre a importância da psicomotricidade para o desenvolvimento humano e evidenciar como os conhecimentos sobre essa ciência é fundamental para a totalidade do desenvolvimento em todas as fases da vida desde o nascimento até o geronto, primordial na fase de crescimento e na descoberta do mundo para a criança. O professor da educação infantil pode ser peça-chave nesse processo, atuando para formar seres independentes, que aprendem e vivem plenamente.

 

Referências Bibliográficas

 

FONSECA, Vitor. Manual de Observação Psicomotora: Significação Psiconeurológica dos Fatores Psicomotores. Porto Alegre: Editora Artmed, 1995.

THOMPSON, Rita. Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem. In: Psicomotricidade da Educação Infantil à Gerontologia: Teoria e Prática. FERREIRA, C. A. (Org.) São Paulo: Editora Lovise, 2000. Págs. 45 à 52.

 

Para leitura na íntegra em P.D.F, clique no link abaixo:

artigo Psicomotricidade - final.pdf (112053)