INCLUSÃO DA CRIANÇA COM TRANSTORNO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCAÇÃO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE MOGI GUAÇU-SP¹
Nívea Rodrigues do Prado Siviero ¹
RESUMO: Este artigo tem o objetivo de comprovar que a estimulação em idade precoce na educação infantil promove a inclusão e pode minimizar problemas de socialização ao longo da aprendizagem e evolução dos alunos com Transtornos do Espectro Autista. Pretendo demonstrar que há aceitação dos pais e alunos a respeito da criança com necessidades especiais. Com este artigo busco refletir sobre os efeitos da mediação pedagógica na inclusão de alunos com Transtornos do Espectro Autista, na Educação Infantil. Os níveis de comprometimento da criança com Transtornos do Espectro Autista também serão elencados juntos a sua inserção no ensino regular. A fundamentação teórica se dará através de pesquisas bibliográficas e a metodologia que norteará a pesquisa será em torno da temática voltada para a inclusão social .Pretendo comprovar que é possível a inclusão da criança com Transtornos do Espectro nas escolas de Educação Infantil .
PALAVRAS CHAVE: Inclusão /Educação Infantil /Transtornos do Espectro Autismo
ABSTRACT: This article aims to prove that stimulation at an early age in early childhood education promotes inclusion and socialization can minimize problems along the learning and development of pupils with Autistic Spectrum Disorders. I intend to demonstrate that there is acceptance of parents and students about the child with special needs. With this article I reflect on the effects of pedagogical mediation in the inclusion of students with Autism Spectrum Disorders in Early Childhood Education .The commitment levels of children with Autism Spectrum Disorders will also be listed together their integration into mainstream education. The theoretical basis will be through library research and the methodology that will guide the research will be around the theme focused on social inclusion. Pretend prove that it is possible the inclusion of children with Spectrum Disorders in Early Childhood Education schools.
KEYWORDS:Inclusion /Early Childhood Education/Autism Spectrum Disorders.
Introdução
Neste artigo pretendo abordar que a estimulação na educação infantil promove a inclusão e pode minimizar problemas de socialização ao longo da aprendizagem e evolução dos alunos com Transtornos do Espectro Autista². Na minha experiência com aluno com TEA, é possível demonstrar que há aceitação dos pais e alunos a respeito da criança com necessidades especiais.
Quero refletir sobre os efeitos da mediação pedagógica na inclusão de alunos com Transtornos do Espectro Autista, na Educação Infantil.
Os níveis de comprometimento da criança com Transtornos do Espectro Autista também serão elencados. Os avanços e entraves que surgem juntos a sua inserção no ensino regular serão comentados.
O TEA tem como uma das causas mais marcantes as alterações sociais, comportamentais e comunicativas. É principalmente nas interações sociais que esse transtorno fica mais visível e um simples compartilhar de interesses ou compreender expressões faciais torna-se algo extremamente complicado . Na escola essas crianças necessitam de adaptações curriculares e de estratégias diferenciadas ás suas especificidades.
Segundo Cunha (2011, p.20), “o autismo compreende a observação de um conjunto de comportamentos agrupados em uma tríade principal: social e “comprometimentos na comunicação, dificuldades na interação atividades restrito-repetitivas”. O termo autismo origina-se dos gregos autos, que significa” “de si mesmo”.
Portanto, a inserção do aluno com TEA, nas escolas regulares o mais precoce possível, respeitando o grau de comprometimento, é necessário e muito contribuirá para seu desenvolvimento .Trará benefícios a criança especial e a toda comunidade escolar :gestores ,professores, crianças e famílias..
Assim caminharemos para uma escola que realmente aceita e convive com as diferenças, respeitando as especificidades de cada um, tendo deficiência ou não. E neste artigo comprovo que é possível perceber o nível cognitivo da criança com Transtorno do Espectro Autista, e promover a sua evolução e inclusão na escola de educação infantil.
²- A legislação brasileira utiliza o termo Transtornos Globais de Desenvolvimento. Neste estudo o termoutilizado será Transtorno do Espectro Autista por considerar a nomenclatura mais atual, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – V).
1) TRANSTORNOS DO ESPECTRO AUTISTA
“Hoje, sabe-se o autismo não é uma doença única, mas sim um distúrbio de desenvolvimento complexo, que é definido de um ponto de vista comportamental, que apresenta etiologias múltiplas e que se caracteriza por graus variados de gravidade” (ROTTA, 2007, p. 423).
Pode se manifestar de diferentes formas e intensidades, tendo como ponto comum, a tríade autística: alterações nas interações sociais, comportamento e comunicação e pode se manifestar do grau leve ao severo.
Cada indivíduo com transtorno do espectro autista é único, apenas demonstra traços de semelhanças com outros que possuem o mesmo diagnóstico.
As relações sociais sofrem grande prejuízo para a criança com TEA que acarretam extrema dificuldade de desenvolvimento da autonomia e conseqüentemente falta de socialização e condições que promovam qualidade de vida entre seus pares. Fica isolado, retraído em um mundo distante do qual está inserida, não troca olhares ou contato visual, preferem objetos e animais e apresentam risos descontextualizados.
A comunicação é prejudicada, pois não apresentam linguagem verbal e não verbal, não compreendem expressões gestuais, simbólicas ou metafóricas. Sua linguagem não tem o intuito de comunicar-se é apresentada como ecolalia(ecoam e repetem palavras).
O comportamento difere do comum, como por exemplo, área motora com movimentos estereotipados e repetitivos (movimentos de braços, mãos, cabeça etc.) e comportamento disruptivos (como rotinas, rituais, interesses restritos etc.).
A flexibilidade do pensamento é caracterizada pela capacidade de modificar ações de acordo com o contexto ao qual está inserido e essa função nas crianças com transtornos do espectro autista, é prejudicada acarretando comportamentos estereotipados e repetitivos (ARAÚJO e VALLE, 2009).
Segundo Riviere (2001) “as crianças com Transtornos do espectro autista apresentam alterações nas funções executivas e na flexibilidade. Quanto mais alterada, mais grave apresenta-se o quadro e a melhor maneira para conseguir estratégias que tragam mudanças favoráveis ao seu desenvolvimento nos ambientes sociais para que a criança seja acolhida, é a inclusão”.
A inclusão destas crianças no ensino regular poderá promover avanços significativos no ensino aprendizagem, na inserção social e na socialização. Se o professor regente tiver o compromisso de contribuir para a evolução global do aluno e for capacitado para atuar na área do espectro autista.
Segundo Cunha (2011) “as manifestações do transtorno aparecem logo nos primeiros 3 anos de vida, originadas a partir de causas genéticas ou problemas ocorridos durante o período de desenvolvimento da criança, sendo que não há um padrão para a forma de manifestação e os sintomas variam”.
Portanto, quanto mais precoce for a sua inclusão, mais benefício poderá obter com a convivência entre os pares, e minimizar características tão acentuadas deste transtorno.
Segundo a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5* há mudanças nos critérios de autismo, o termo TEA surge como categoria diagnóstica. Foi incluído e agrupado quatro das cinco categorias dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, na condição de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), sem subcategorias das cinco categorias dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, na condição de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA),sem subcategorias .
O transtorno Autista, Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno de Asperger e Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especificação, passam a ser um TEA (Transtorno do Espectro Autista).
No documento que se intitula Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008a), o Decreto 6.571 (BRASIL, 2008b) e a Resolução n. 4 (BRASIL, 2009) orientam que os alunos com TEA, têm pela primeira vez garantida a sua escolarização.
Porém , não é a criação de leis ou decretos que garantirá que a inclusão aconteça ,são mudanças de atitudes de todos os envolvidos na sociedade que trará resultados satisfatórios neste campo.
2) DESAFIOS DA INCLUSÃO
Para Zimmermann e Strieder (2010), a educação inclusiva deseja compreender e aceitar o outro na sua singularidade. Implica mudança de perspectiva educacional e abre horizontes para o desenvolvimento de sociedades inclusivas.
Tais autores defendem a idéia de que uma escola inclusiva aceita as diferenças, promove a construção do conhecimento levando em consideração as especificidades de cada um.
Morin (1989), (apud Zimmermann e Strieder, 2010) afirma que é preciso “proteger o desvio” apesar das forças institucionais para reproduzir as “padronizações”. Importa tolerar e favorecer os desvios para criar espaços de discussão.
As padronizações ligadas a reabilitação são substituídas por mudanças que atendam as crianças com alguma necessidade especial tornando possível o processo de transformação do sistema educacional brasileiro, em um sistema educacional inclusivo. Para ocorrer tais mudanças e dar continuidade as já existentes, é preciso sensibilizar toda a sociedade e principalmente a comunidade escolar.
Segundo documento da UNESCO (1994 apud Cardoso, 2008, p.50), dentro da escola regular de ensino:
a) Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve-lhe ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem;
b) Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas;
c) Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança capaz de satisfazer a tais necessidades;
d) Escolas regulares que possuam orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos. Tais escolas provêem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimora a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional.
Partindo dessas afirmações, é possível compreender que práticas pedagógicas centradas nas crianças é que farão acontecer a inclusão de todos com os que possuem ou não alguma deficiência. Ter como foco que a escola é para que todos aprendam, sem discriminações e muitas vezes é nela que terá a única oportunidade e incentivo pra superar suas limitações e arriscar-se no mundo letrado.
É um trabalho árduo, mas possível de se realizar principalmente se houver a participação e dedicação de professores, comunidade escolar e família. Um grande desafio ao profissional para que ultrapasse seus limites de criação e elaboração de estratégias no seu planejamento.
3) EDUCAÇÃO INFANTIL
De acordo com a nova versão da Lei de Diretrizes da Educação Nacional (BRASIL, 1996), a Educação Infantil, sendo a primeira etapa da educação básica, deve ser oferecida em creches e pré escolas ás crianças de zero a cinco anos, com o objetivo de atingir o seu desenvolvimento global (aspectos físico, psicológico, social e intelectual), complementando a ação da família e comunidade (Lei 12796/13a).
E sobre a concepção de desenvolvimento infantil:
[...] o desenvolvimento infantil contem um processo padrão, pelo qual passam todas as crianças, numa seqüência continua e uniforme de etapas, estágios ou subfases, impermeadas por rupturas ou saltos. Pode ser marcada por faixas etárias, cada uma delas tipificadas por características físicas, sociais, afetivas e mentais – do menos para o mais, ou do “nada” ao nascimento para a “plenitude” na vida adulta. Na visão da pós-modernidade, o desenvolvimento infantil e contextualizado no tempo e noespaço, inter-relacionado com a cultura, o ambiente social, o gênero, as condições socioeconômicas. Assim como ha crianças e infâncias, ha desenvolvimentos infantis. Estes são de crianças que vivem cada momento e etapa de sua vida como sujeitos únicos, capazes de estabelecer relações produtoras de sentido, de construir conhecimentos pela experiência e contribuir com outras crianças e com adultos na visão do mundo do qual fazem parte. (BRASIL, 2013, p.43).
As concepções adotadas pelo Brasil sobre a criança e seu desenvolvimento, bem como os recursos utilizados e disponibilizados para as crianças tinham como desejo que elas contextualizassem e expressassem através da brincadeira, situações de interação. Neste momento a criança com Transtornos do Espetro Autista através do brincar, também poderia compreender o que acontecia. Foi observado após a experiência, que as crianças da educação infantil envolvidas no estudo melhoraram a capacidade de acolhimento, a qualidade de socialização e a professora mostraram-se mais flexível em suas práticas frente à inclusão.
O professor da educação infantil tem como responsabilidade ou função, de acordo com a lei citada, possibilitar uma formação humana e cultural com o acesso ao saber sistematizado, desenvolvendo ações que promovam a geração de novos conhecimentos e desenvolvimento das competências e habilidades que já adquiriu. Promover processos de socialização e de aprendizagem de crianças.
O maior objetivo que se espera atingir na Educação Infantil, de acordo as leis vigentes, é o de promover o desenvolvimento integral das crianças de zero a cinco anos de idade garantindo a cada uma delas o acesso a processos de construção de conhecimentos e a aprendizagem de diferentes linguagens. Assim como o direito à proteção, saúde, liberdade, ao respeito, dignidade, brincadeira, convivência e interação com outras crianças (BRASIL, 2013b, p. 85a ).
As diretrizes, nesta mesma lei, referem que a proposta curricular deve contar na sua elaboração, com o Projeto Político Pedagógico da unidade escolar, e ter a participação de todos os profissionais da instituição, família e comunidade.
Observa-se em pesquisas de Padilha (2013), uma alta concentração das matrículas na pré-escola, atingindo praticamente 75% do total e pequena incidência nas creches (em torno de 25%), a grande maioria consegue ser inserido na educação infantil, apenas aos quatro anos de idade.
De acordo com dados obtidos do censo escolar (2016), incluindo escolas municipais de áreas urbanas e rurais, estão matriculadas em creches 1.925.644 de crianças e na pré-escola 3.651.786.
Conclui-se que os números de crianças matriculadas na Educação Infantil ainda estão aquém do esperado para as estimativas nacionais e internacionais, mas o Brasil está aos poucos tentando atingir suas metas. Tais metas precisam ser atingidas, pois dentro dessa demanda de alunos que ainda não estão inseridas no ensino da Educação Infantil, estão muitas crianças com deficiências e Transtornos do Espectro Autista.
Estudiosos comprovam que a maior estimulação para a criança com Transtornos do Espectro Autista, está dentro do currículo da Educação infantil que muitos ainda não têm acesso.
Mattos e Nuernberg (2011) realizaram uma experiência de intervenção Psicoeducacional no contexto escolar com crianças da educação infantil. O objetivo principal era promover o desenvolvimento e interação social de uma criança com Transtornos e Espectro Autista (TEA).
Os momentos de intervenção no contexto da educação infantil tinham como foco a superação e transposição das barreiras vivenciadas da criança com Transtornos do Espectro Autista e sua turma. As barreiras levadas em conta eram principalmente as atitudinais e as de comunicação, promovendo os meios de interação e comunicação com o uso do recurso da comunicação alternativa.
A mediação pedagógica na inclusão de criança com Transtornos do Espectro Autista, na Educação Infantil, foi analisada também por Chiote (2011), onde a enfatiza como processo de significação e constituição de experiências como o brincar e na socialização entre os pares promovendo seu desenvolvimento.
Correia (2012) observou a criança na Educação infantil, com Transtornos do Espectro Autista, e chegou a conclusão de que são necessárias práticas pedagógicas planejadas previamente considerando não apenas a deficiência e sim a criança de forma geral .
Enfim, Correia (2012) e Chiote (2011), nas suas experiências de pesquisas, notaram grandes avanços no desenvolvimento de crianças com Transtornos do Espectro Autista, incluídas na Educação Infantil. Esses avanços são notados principalmente nos ambientes em que há mediação e agrupamentos com estratégias definidas e intervenção pontual do professor, além de planejamento pedagógico diversificado.
Carneiro (2012) afirma que:
Não sabemos ser inclusivos. Isso decorre das experiências culturais e sociais as quais fomos submetidas. Ha menos de duas décadas, cursos de formação de professores sequer referiam a existência das diferenças educacionais advindas das deficiências, o que resultou em uma formação e, conseqüente pratica, desvinculada de tal realidade.A formação inicial e continuada dos professores da educação infantil com vistas à superação de tal modelo e imprescindível (CARNEIRO, 2012, p. 88).
O autor citado reforça é na formação de professores, que estão os instrumentos para que faça um levantamento das especificidades da criança e consiga planejar aulas que tenham as adequações e ajustes necessários para promover a aprendizagem da turma toda.
Segundo Nota Técnica nº 24 (BRASIL, 2013c, p. 2), a formação dos profissionais da educação que deverá possibilitar “[...] a construção de conhecimento para práticas educacionais que propiciem o desenvolvimento sócio cognitivo dos estudantes com transtorno do espectro autista.”, ainda de acordo com a nota, (BRASIL, 2013b, p. 2-3), a formação do professor deve proporcionar conhecimento, buscando:
- Superação do foco de trabalho nas estereotipias e reações negativas do estudante no contexto escolar, para possibilitar a construção de processos de significação da experiência escolar;
- Mediação pedagógica nos processos de aquisição de competências, por meio da antecipação da organização das atividades de recreação, alimentação e outras, inerentes ao cotidiano escolar;
- Organização de todas as atividades escolares de forma compartilhada com os demais estudantes, evitando o estabelecimento de rituais inadequados, tais como: horário reduzido, alimentação em horário diferenciado, aula em espaços separados;
- Reconhecimento da escola como um espaço de aprendizagem que proporciona a conquista da autonomia e estimula o desenvolvimento das relações sociais e de novas competências, mediante as situações desafiadoras;
- Adoção de parâmetros individualizados e flexíveis de avaliação pedagógica, valorizando os pequenos progressos de cada estudante, em relação a si mesmo, e ao grupo em que esta inserida;
- Interlocução permanente com a família, favorecendo a compreensão dos avanços e desafios enfrentados no processo de escolarização, bem como dos fatores extra escolares que possam interferir nesse processo;
- Intervenção pedagógica para o desenvolvimento das relações sociais e o estimulo a comunicação, oportunizando novas experiências ambientais, sensoriais, cognitivas, afetivas e emocionais;
- Identificação das competências de comunicação e linguagem desenvolvidas pelo estudante, vislumbrando estratégias visuais de comunicação, no âmbito da educação escolar, que favoreçam seu uso funcional no cotidiano escolar e demais ambientes sociais;
- Interlocução com a área clinica quando o estudante estiver submetido a tratamento terapêutico, e se fizer necessária, a troca de informações sobre seu desenvolvimento;
- Flexibilização mediante as diferenças de desenvolvimento emocional, social e intelectual dos estudantes com transtorno do espectro autista, possibilitando experiências diversificadas no aprendizado e na vivencia entre os pares;
- Acompanhamento das respostas do estudante frente ao fazer pedagógico da escola, para a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento de competências, considerando a multiplicidade de dimensões que envolvem a alfabetização, a resolução das tarefas e as relações interpessoais, ao longo da escolarização;
- Aquisição de conhecimentos teórico-metodológicos da área da Tecnologia Assistiva, voltada a Comunicação Alternativo-Aumentativa para estes sujeitos.
- Planejamento e organização do atendimento educacional especializado, considerando as características individuais de cada estudante que apresenta transtornos do espectro autista, com a elaboração do plano de atendimento objetivando a eliminação de barreiras que dificultam ou impedem a interação social e a comunicação.
Partindo das notificações desta nota técnica, sobre o conhecimento que o professor deve adquirir, é possível que a criança com Transtorno do Espectro Autista, desenvolva-se na sua escolarização.
Diante deste estudo é possível perceber que a Educação Infantil, é um campo ainda pouco explorado pelos estudiosos e existe uma grande relação deste nível de ensino com o desenvolvimento das relações de sociabilidade entre escola, crianças e famílias. Um ambiente promissor para repensar as mudanças de concepções de gestores, comunidades, professores e família.
É um grande e novo desafio a se alcançar, desmistificar concepções equivocadas de profissionais e familiares que se relacionam com a criança com transtornos do Espectro Autista.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse artigo tem como foco principal, refletir como todos os envolvidos no processo de ensino percebem a escolarização e inclusão da criança com Transtornos do Espectro Autista.
Os conhecimentos de professores e gestores acerca das características peculiares da criança com Transtornos do Espectro Autista inserida na educação infantil.
Conclui-se que a criança com Transtornos do Espectro Autista deve iniciar sua escolarização o mais precocemente possível na Educação Infantil. Para que essa inserção seja possível, e as barreiras existentes sejam minimizadas, são necessários suportes materiais adaptados, humanos e arquitetônicos para que professores consigam enfrentar o grande desafio da inclusão.
Essas crianças as chamadas por alguns de agressivas, diferentes e estranhas tem o direito em estar na escola no tempo certo, e a escola deve se preparar para recebê-la desde a educação infantil.
Seu percurso será construído no dia a dia, passo a passo, tempo a tempo, e esse caminhar só é possível graças as Políticas Publicas Educacionais de Inclusão, que avançam notoriamente nos últimos anos.
Os estudos e pesquisas na área do transtorno do espectro autista continuam em andamento, na busca da melhoria na eficácia das ações dos profissionais, terapeutas e professores com este público-alvo. Não esquecendo que a meta a ser alcançada e que a criança adquira novas habilidades e se desenvolva plenamente no processo de ensino e aprendizagem.
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