EDUCAÇÃO - LEITURA DIÁRIA EM SALA DE AULA – A IMPORTÂNCIA DA LEITURA FRUIÇÃO OU CONTAÇÃO DE HIS-TÓRIAS

EDUCAÇÃO - LEITURA DIÁRIA EM SALA DE AULA –  A IMPORTÂNCIA DA LEITURA FRUIÇÃO OU CONTAÇÃO DE HIS-TÓRIAS

 

 

 

THE GRENDAL COLLEGE AND UNIVERSITY

PROGRAMA DE MESTRADO INTERNACIONAL EM CIÊNCIAS

DA EDUCAÇÃO

 

 

 

 

GUIZE, ROSELI PRADO SCORCI

 

 

 

 

EDUCAÇÃO - LEITURA DIÁRIA EM SALA DE AULA –

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA FRUIÇÃO OU CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

 

 

Artigo Científico apresentado como requisito parcial do Programa Mestrado Internacional em Ciências da Educação, pela The Grendal Colige and University.

 

Orientador: Prof. Dr.

 

 

 

 

 

 

São Paulo – SP

2017

 

________________________________________Artigo Científico Original do Curso de Mestrado Internacional em Ciências da Educação.

EDUCAÇÃO - LEITURA DIÁRIA EM SALA DE AULA - A IMPORTÂNCIA DA LEITURA FRUIÇÃO OU CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

Guize, Roseli Prado Scorci.

 

RESUMO: O presente artigo tem como objetivo fazer uma análise sobre a importância da leitura fruição (deleite) ou contação de histórias diária no ambiente escolar de maneira prazerosa e acessível, enriquecendo e alicerçando na formação do aluno leitor e letrado, envolvê-lo desde a infância, antecedendo muitas vezes à própria alfabetização, nessa simples e eficaz prática cotidiana, a de ouvir histórias, lidas pelo seu educador, terá como consequência um avanço significativo no processo de ensino-aprendizagem. A leitura trará ao ambiente escolar uma rotina enriquecedora, enfatizando a importância do educador ler em sala de aula diariamente, servindo de alicerce na vida escolar das crianças para que se tornem leitores assíduos e cidadãos atuantes inserido na sociedade, destacando opiniões e reflexões de alguns autores que se dedicaram a estudar o respectivo tema ensejado pela leitura cotidiana.

 

Palavra-chave: formação; leitor; leitura fruição; contação de histórias.

 

INTRODUÇÃO

A leitura faz parte da vida humana desde o princípio, antecede à palavra segundo Freire (2005), todos somos capazes de fazer nossa própria leitura do mundo que nos cerca, esta análise aos poucos nos auxilia na formação social tornando-nos cidadãos. Apresentar as histórias desde cedo ao nosso público escolar servirá de apoio e orientação diante de situações desafiadoras, auxiliando e fortalecendo vínculos afetivos, sociais e educativos. Nos tempos atuais, a realidade escolar tem competido com educandos que passam grande parte do seu dia envolvidos nos meios de comunicação modernos e ágeis, com acesso fácil a qualquer tipo de informação em um simples toque de navegação, celulares, tabletes e computadores, levando-os desde muito cedo para longe dos livros e da leitura convencional cobrada apenas dentro do ambiente escolar, tornando essa “leitura” exigida dentro do espaço escolar desmotivadora e desnecessária aos nossos alunos. Devemos tomar para nós, educadores, o desafio de apresentar aos educandos numa prática diária e prazerosa, uma leitura com papel primordial no crescimento intelectual, crítico e criativo.

Dessa forma, devemos buscar, através da leitura fruição (deleite) e contação de histórias, desenvolver as potencialidades do educando em formação, e, consequentemente, aperfeiçoar sua personalidade e melhorar seu desempenho enquanto leitor. Existe atualmente um descaso para com a leitura feita pelo educador dentro de algumas escolas[1].

De acordo Freire que nem todos os educadores usam essa ferramenta a fim de despertar no aluno o hábito de ler e nem tem se apoiado nela para a formação do seu aluno leitor como um ser crítico e atuante na sociedade, talvez estejam desacreditados ou somente desamparados pela falta de direcionamento ou desinformação. Bamberger (1995, p.13) nos afirma que “leitura é um dos meios mais eficazes de desenvolvimento sistemático da linguagem e da personalidade”.

 

Uma análise histórica

Desde o princípio da atuação humana temos registros do uso da contação de história entre as civilizações. Historicamente os povos passavam sua cultura e conhecimento através das contações feitas em reuniões em volta da fogueira pelos anciões, mesmo antes do registo pictográfico ou escrito. Antes de dominarem a escrita ou fazerem seus próprios registros as civilizações buscavam caminhos para preservarem sua cultura e instruírem seus integrantes, caminhos traçados com o auxílio eficaz da fala, a mesma que tem nos acompanhado até hoje para deixarmos nosso legado e expressarmos nossa maneira de pensar e agir. As civilizações antigas tinham entre si seus códigos e linguajares adequados para que conseguissem compreender e decodificar o desejo do próximo sabia exatamente como deveriam realizar as tarefas do cotidiano, desde as mais simples até as mais complexas, com conhecimento e comunicação realizada através da linguagem oral e gestual. Bamberger (1995, p.13).

Com isso, podemos observar que a sua leitura de mundo mesmo antes da escrita ocorre de maneira própria do ser humano, cada qual consegue ler o que está a sua volta de acordo com suas crenças e costumes culturais e sociais. Nessas civilizações antigas havia a preocupação em preservar os costumes e instruir os mais novos para que conseguissem, por exemplo, se preparar para a chegada do inverno, para escassez dos frutos ou outros eventos naturais ocorridos que interferissem no cotidiano deles, já analisados e previsto pelos mais antigos que ali habitavam.  Buscavam realizar tais explicações e repassá-las aos mais novos através do diálogo, momentos que muitas vezes eram estabelecidos dentro das tribos e ocorriam de tempos em tempos para que se preservassem tais conhecimentos e o repassassem aos demais integrantes da sociedade, que nesse tempo eram distribuídos em pequenos grupos com poucos membros até então.

Esses encontros eram presididos pelos mais experientes, por aqueles que tinham a sabedoria do que estava sendo repassado naquele momento exato e dominavam melhor o “idioma” ou linguagem social, reproduzindo através da contação dos fatos ocorridos ou que acreditavam ser daquela maneira exatamente falando aos demais membros e explicando sua crença através da fala.

Podemos estabelecer então uma forte relação entre a compreensão e a fala. Consideramos que naquele tempo a escrita ainda estava por ocorrer, embora ainda exista nos tempos atuais povos e civilizações que ainda não a utilizam, mas a fala já estava sendo desenvolvida, códigos e combinação de sons a fim de uma compreensão plena entre os membros daquele grupo social, uma parceira de suma importância até os dias de hoje nascia ali. O ser humano introduzia nos grupos e entre os membros uma maneira de compreender o outro e ser compreendido, algo mais interior que completaria os gestos usados até aquele momento, aos poucos foram substituídos pelos sons, diferenciando-os sempre que se fazia necessário nomear algum objeto ou sentimento. Uma parceria encantadora que brotava da necessidade de se comunicar e se expande até os dias de hoje.

Nessa sociedade primitiva não tivemos a presença da contação como algo artístico, ali ela estava sendo colocada como uma maneira exclusivamente funcional e decisiva, pois esses contadores de histórias eram aqueles que tinham por obrigação preservar e conservar todo o conhecimento acumulado pelas gerações que ali ele representava algo que transcendia o diálogo e o momento prazeroso, a responsabilidade em perpetuar seus mitos, crenças, seus costumes e valores que se pretendia preservar por toda a comunidade na qual estava inserido, podemos destacar que tal realidade ainda encontramos em algumas sociedades atuais, modernizadas ou não, quase todos inseridas no mundo das letras e palavras atualmente.

 

Cultura e leitura

Mudando nosso foco de análise e estudos, vamos nos virar agora para o mundo infantil. Com o desenvolvimento social e o aprimoramento cultural podemos verificar uma grande evolução nas formas de sociabilidade, em especial em nossa relação com a natureza e em nossos costumes, sendo que, no caso da leitura, está passou a fazer parte da realidade de muitos povos, uma vez que a imposição de valores tidos como “civilizados” buscava universalizar a educação escolar, visando educar a criança desde muito cedo.

A princípio, somente os meninos, depois de certo tempo alcançaram as meninas. A escola era para poucos e a leitura restrita a alguns. Tínhamos uma educação elitista, que, por volta de 1700 era baseada na pedagogia Jesuíta, extremamente rígida e punitiva, dominadora e mera transmissora de ensinos memorizados, considerando essa criança como um adulto em miniatura.

Segundo filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), trazendo consigo uma nova visão e entendimento sobre a criança, precursor da pedagogia de Maria Montessori (1870-1952) e John Dewey (1859-1952), este buscou modificar toda concepção de educação vivenciada até o momento, ou seja, idealizou uma prática educativa mais centrada no universo infantil diferenciando-o do mundo adulto, dando novos rumos à Educação. Partindo daí, foi historicamente reconhecida como uma nova etapa educacional, que foi chamada de “Escola Nova”, fazendo brotar novos seguidores e pedagogos do século XIX e XX, iluminando e modificando o olhar dos estudiosos para o mundo infantil.

Rousseau teve uma visão Naturalista do mundo, com lições básicas da natureza, foi considerado o descobridor da infância, o primeiro a buscar uma compreensão do mundo infantil, diferenciando essa criança como um ser humano próprio, diferente do adulto, trouxe para si uma análise onde colocou a aprendizagem voltada aos interesses do aprendiz, com uma educação contendo dificuldades progressivas, interativas e lúdicas que aos poucos iam tendo uma evolução natural, onde os sentidos do aprendiz aprimoravam-se atrelado ao espírito, conseguindo assim identificar a especificidade do ser humano infantil. Classificou o homem como Natural – livre e espontâneo e Civil – mascarado, vigiado socialmente e degenerado, corrompido.

Escreveu e classificou a formação da criança em sua obra “O Emilio” – 1792, livro conceituado e considerado “Uma obra que fala do afeto” segundo Carlota Boto, destacou ainda o fato de que os contemporâneos não identificavam o modo de agir infantil e tratavam como se estivessem frente ao adulto. Por estas razões Rousseau deu tanto significado à Educação, defendendo o respeito individual ao ritmo de aprendizagem.

Com esse pensamento, Rousseau defende que todos devem seguir o rumo da educação pelo conhecimento, valorizando ainda o envolvimento pessoal de tal relação, adultos e crianças, sugere que a façamos com amor, elos de ligação, indo além do ensinar, dar a criança o gosto e também o desejo em aprender, colocando essa postura como sendo um princípio fundamental para que se atinja uma boa educação. Em sua classificação da vida humana em ciclos devo aqui destacar aquelas das quais abranjam a idade da educação infantil e ensino fundamental I, fase da Lactância e da Infância, que seria do nascimento aos 12 anos.

Destacou que esta seria a etapa mais importante da vida humana, fase em que pouco o adulto deveria interferir, nessa faixa etária a criança traz consigo uma vontade de conhecer e aprender no olhar diferenciado para as coisas que o cercam, o tocar e experimentar as sensações, sentir e provar cada detalhe, exercer os sentidos de maneira natural e investigativa, “Não apenas fazer uso deles, é aprendera bem julgar por eles, é aprender por assim dizer a sentir”, destacou Rousseau. Deixando assim um legado importante para a evolução educacional, partindo para um estudo mais detalhado sobre o mundo infantil, brotando hipóteses e estudos diferenciados sobre o interior e aprendizado das crianças e dando origem há varias teorias de ensino-aprendizagem.

 

Espaço Escolar: A prática diária e o aprendizado significativo

Chega-se então aos dias atuais onde a escola ainda parece deixar lhe escapar essa curiosidade do aluno para conhecer o novo, essa busca com o olhar e querer recriar suas sensações e emoções ao seu redor. Devemos colaborar desde muito cedo para um aprimoramento desse conhecimento trazido pelo aluno até nossa sala de aula, buscar um olhar primordial ao centro desse processo de ensino-aprendizagem, o aluno. Colocando assim a importância em se projetar algo pensado exclusivamente a ele, como a contação ou leitura de histórias. Nos empenhar para um preparo eficiente de momento almejado a fim de se conquistar um objetivo analisado previamente e de suma importância para a evolução social e cultural deste aluno.

Contar suas histórias foi um veículo que brotou naturalmente do ser humano pela necessidade em repassar as informações adquiridas por eles durante o tempo vivido dentro daquele grupo social. Esse veículo tomou uma proporção enorme e de suma importância que nos tem acompanhado até os dias de hoje, muitas famílias pedem aos mais velhos ou mais comunicativos que em pequenos encontros ou reuniões contem fatos, sejam vivenciadas no seio familiares ou criadas pelos mesmos. Colocando-nos diante da importância em se transmitir oralmente momentos históricos vivenciados por alguns membros de nossos antepassados.

Amplitude da história nos cala diante de sua grande responsabilidade em transmitir crenças e valores aos povos e sociedades. Escutar uma história tem um significado muito profundo e um efeito inimaginável! Muitas culturas se mantêm atualmente vivas através do uso dessas contações, creditando a sua existência na crença diária deste evento importante: contar suas histórias.

Após estudos sobre a origem e eficácia de uma história bem contada e interpretada oralmente podemos analisar também as mudanças históricas referentes ao mundo infantil. Podemos assim observar que se cobravam muito destas crianças em épocas contemporâneas erroneamente, eram tratadas na igualdade aos demais membros da sociedade, diferenciadas inclusive pela sua sexualidade. Sendo assim temos inúmeros registros históricos sobre o alto índice de mortalidade infantil referenciados em diversos momentos históricos e em diferentes sociedades.

O olhar era simplesmente o mesmo, travando assim uma luta diária com a criança que naturalmente apresentava dificuldades em realizar algumas tarefas a ela determinadas, acabavam por sofrer sansões e acidentes ao tentar executá-las impiedosamente. Chegando até os dias de hoje com uma evolução de compreensão pelo seu universo infantil numa busca continua de ser compreendida e respeitada.

Provamos, desde então, a eficácia da oralidade para a evolução humana, muito mais da criança diante de uma boa história lida ou contada a ela, valorizar e abusar deste momento dentro do espaço escolar, buscando sempre caminhos e meios para que essa contação seja aprimorada e adequada ao ano/serie em que se está atuando como educador. Tomar consciência disso é ir atrás de adequar a sua realidade escolar aos contos e textos apropriados para seu currículo e necessidade social em que seu grupo escolar está inserido. Após o educador se conscientizar da importância de realizar uma leitura diária aos seus alunos, seja leitura fruição ou contação de histórias, deverá iniciar sua escolha, uma busca tão importante quanto ao prazer do momento.

O educador deverá ter a consciência de que essa leitura não poderá ser usada como uma cobrança de atividades sequenciadas ou questionamentos, para que não cause uma aversão ao ato de ler, deverá se concentrar no aprendizado ocorrido no momento da troca, ouvinte e narrador, valorizar sua maneira de argumentar e expor o texto escolhido para que daquele momento vivenciado o aluno já possa colher seus frutos e aprendizados.

Responsabilidade tamanha ao educador no momento da escolha textual deverá fazê-lo de maneira sábia e com intenções de desacomodar algo nos educandos, pois, para que a aprendizagem ocorra devemos desacomodar aquilo que nosso educando traz consigo de aprendizagem interna fazendo com que ele repense ou dialogue sobre o assunto reestruturando o tema tratado internamente, e só depois desta análise ocorrerá uma nova acomodação já com as mudanças apreendidas por eles, sendo assim são nessas contações e leituras que o educador poderá fazer suas intervenções sutis, fazer com que seu aluno repense e reestruture alguns conhecimentos.

 Nessa busca de auxiliar seu educando, enriquecendo-o culturalmente, emocionalmente ou socialmente deve-se escolher bons textos ou livros, apresentar a eles versões enriquecidas de detalhes para que tal conto possa contribuir como base da evolução desse educando, sempre após ouvir a história lida que fique algo “novo” ou algo que o “incomode”, fazendo-o refletir ou evoluir, desacomodando assim aquele conhecimento anterior. Fazer uma nova reflexão deixará o educador com a certeza de ter atingido seu objetivo principal, o desacomodar para refletir, como nos mostra Tatiana Belink.

Ouvir bons textos traz ao educando a oportunidade de descobrir e se infiltrar no mundo dos conflitos, das dificuldades que surgem em momentos inesperados da vida, dos impasses diante das atitudes a serem tomadas, das soluções corretas ou não, que cedo ou tarde chegará até ele, de um modo ou de outro, como qualquer ser humano que convive em sociedade, enfrentando de uma maneira eficaz analisando suas atitudes buscando adequá-las dentro de uma linhagem de sentimentos e emoções vivenciadas anteriormente, cabendo assim à experiência vivenciada pela história trabalhada pelo educador, ajudará na tomada de decisões e enfrentamento das dificuldades cotidianas, poderemos colaborar no encontro do caminho adequado para o problema vivenciado naquele momento, um caminho possível para a resolução de determinado problema vivido.

O ouvir histórias, lidas ou contadas, tem uma carga muito grande de responsabilidade para a formação educativa da criança, não tem idade certa ou adequada para vivenciá-la, quanto mais cedo inseri-la mais chances de termos ótimos leitores e produtores de textos com qualidade. Ouvir histórias no ser em formação faz com que se desenvolva muito além do ler e escrever, como também a imaginação, o senso crítico e criatividade, análise dos valores colocados ali na contação e a ética.

Com a sondagem prévia do público a ser apresentado o conto/história caberá ao educador fazer as adaptações adequadas e escolhas do que deverá ser apresentado as crianças, jamais pegar um livro sem leitura previa e expor aos alunos sem quaisquer análise anterior, buscar sempre enriquecer tal contação ou leitura com as adaptações necessárias fazendo com que consiga levar ao educando sua mensagem desejada, sempre adequando essa história com os recursos auxiliares desejados, causando algum impacto ao ouvinte, marcas que sempre o remeterão a trechos ouvidos quando se deparar com elas pela vida em sociedade, só assim terá a certeza de que seu verdadeiro objetivo dentro da atividade apresentada foi atingido.

Coisas simples e corriqueiras que irão apresentar ao ouvinte durante ou após a leitura/contação deixará esses registros efetivos, como por exemplo a tonalidade da voz ao interpretar um determinado personagem causando algum impacto ou desconforto, dobradura do barco onde o próprio educando a fará e irá decorá-la a seu gosto posteriormente fazendo referências ao texto contado, após a leitura sobre As Viagens de Gulliver, solicitar registro artístico de determinado assunto ou personagem, buscando sempre atrelar o fato lido a algo prazeroso, evitar fazer registro escrito ou questões/atividades para nota ou avaliação, isso fará com que o educando associe leitura às suas notas e lições, aqui visamos atrelar a leitura ao prazer, ao gosto em se ler, adentrar no mundo das histórias para a leveza da alma.

Seguido dessa escolha e preparo para a leitura/contação que é de suma importância no processo de ensino-aprendizagem o educador deverá se atentar a outro foco também muito importante que são as habilidades desenvolvidas durante a contação. Deverá ir se adequando aos poucos para um aprimoramento pessoal diante da atividade proposta, sua prática constante junto da dedicação e empenho o ajudará sempre, aperfeiçoando sua entonação e dicção, volume, velocidade, vocabulário apresentado e tonalidade. Valorizar suas expressões corporal e facial, fazer as imitações adequadas, deixar fluir as emoções durante a narrativa contagiando o ouvinte será seu principal desafio. Deixar-se tocar diante da leitura/contação será o caminho para tocá-los também, envolver-se para envolver.

O texto passa a ser mais valorizado, pois, além do conteúdo trazido por ele receberá adaptações na técnica de contação ou na simples leitura fruição, dando-lhe vida e entusiasmo. Escolher como brincar com a narrativa caberá apenas ao leitor, somente ele é quem poderá escolher a melhor maneira de apresentar esse texto ao seu público alvo, estudar as diferenças de adaptação e leitura, realizando as intervenções necessárias para torná-lo mais significativo ao ouvinte, fazendo que o mesmo circule livremente pelo público alvo deixando ali seu recado esperado.

 

[...] ”Contar histórias é uma arte, não há dúvida, mas é a arte que pode ser desenvolvida. Mesmo por que não há nada que não se possa alcançar com dedicação e estudo”. Vânia Dohme.

 

Vincular a leitura dentro da escola ao prazer em se ler será aqui colocado como o grande desafio a ser aprendido pelos educadores, fazer tal demonstração de aprendizagem em seu laboratório natural, sua sala de aula, diariamente, usando-o como um apoio cotidiano para o envolvimento de todos em torno do tema a ser destacado.

 

"Ler uma história com o objetivo de contá-la é um exercício de costurar sonhos, de misturar emoções, é uma brincadeira de dar significado às palavras, um quebra-cabeça de desvendar nas ilustrações aquilo que as palavras não conseguiram traduzir, e mais ainda, transformar em gestos e expressões aquilo que extrapola e transcende o mero articular de palavras"
(Rodrigues: 2003).

 

Envolver e ser envolvido durante a contação de histórias libertará aos poucos o educador de seus medos e receios frente ao ensino-aprendizagem, conforme ouvir os questionamentos dos educandos o educador perceberá se obteve sucesso na leitura ou contação visada dentro da história escolhida, poderá tirar não só as dúvidas do outro como as de seu interior, crescendo a cada dia, dando rumo e naturalmente lhe brotando ideias e sugestões do que se ler e apresentar aos seus educandos.

 Esse tema aqui apresentado é apaixonante, me senti envolvida pelo mesmo desde meu primeiro contato com a leitura fruição e contação de histórias. Após alguns anos dentro de sala de aula lhes asseguro que não há nada mais prazeroso do que iniciar um dia letivo realizando uma boa leitura a eles, instigando e desacomodando temas diversos, caminhar num traçado as vezes dificultoso que podemos ir sem medo de angustias ou aflições, será exposto delicadamente sem denegrir ou ferir sentimentos, eleva o prazer em se educar quando finalizamos a leitura e nos deparamos com lágrimas ou aplausos.

Todo verdadeiro educador se eleva diante dessa vivencia, rejuvenesce e aguça o desejo em retornar amanhã, preparado e empolgado para mais uma etapa, vendo seu trabalho fluir sem quaisquer desavenças ou discórdias, prazerosamente. Realmente é fantástico tal experiência!

 

Prática Pedagógica

Para que nós, educadores, consigamos uma evolução dentro do esperado ou além no processo de ensino-aprendizagem devemos nos envolver com o nosso aluno. Deixá-los à vontade nessa relação escolar, sintam-se seguros conosco e envolvidos emocionalmente nesse processo, creio que o verdadeiro educador tenha consciência disso em sala de aula e tem procurado esse caminho dentro do processo. Por isso aconselho que ao iniciar o trabalho com um grupo de alunos, seja na fase da Educação Infantil ou nas séries iniciais do Ensino Fundamental, o educador leve consigo sua coletânea preferida de livros infantil, adequados a série/fase que irá trabalhar.

 Feito essa seleção analisando além dos objetivos a serem atingidos ao público destinado deverá ter o cuidado de escolher as histórias completas e ricas em detalhes, assegurando assim um envolvimento do educando. Após esse primeiro olhar basicamente pedagógico e do próprio educador, pois cada qual terá suas histórias preferidas devido sua particularidade para com as mesmas, deverá então combinar com sua turma em que momento ocorrerá a “Leitura do Dia”.

Em minha rotina sempre inicio meu trabalho diário com tal contação/leitura, algumas parceiras de trabalho deixam esse momento para o retorno do intervalo, onde todos retornam agitados e inquietos, sendo assim cada qual buscará em seu local de trabalho esse momento da história. Coloca-se na lousa junto da “Rotina do Dia”, que conterá as disciplinas a ser trabalhado junto do tema a se estudar o livro/história que será contada por ele.

Dessa forma, cada aluno registrará no seu caderno a “Leitura do Dia” de preferência completar o autor, caberá ao educador escolher qual o tipo de vínculo escolher entre o educando e a história trabalhada, lembrando que essa atividade se desenvolverá nos cinco dias da semana, devendo ir realizando diferentes vínculos seu aluno deverá realizar a cada dia, em sua maioria registro uma ilustração que o próprio aluno faz no caderno, do trecho em que sentiu alegria, sentiu medo, ficou feliz, achou mais bonito, personagem que mais se identificou, local onde ocorreu o fato contado, e assim por diante. Ilustração livre ou direcionada sempre ajuda os alunos a se expressarem diante da história apresentada, usar esse tipo de registro ajudará o aluno a compreender melhor os fatos e você perceberá se atingiu o objetivo proposto com aquela determinada história escolhida.

Deixar que fizessem desenhos apenas em todos os dias da semana acaba por se tornar cansativo e desinteressante, costumo então em dois dias realizar algo diferente com eles, usando dobraduras, por exemplo, ou folhas avulsas dividindo as ilustrações em sequências para montarmos um painel da história. Gosto também de deixar que desenhem personagens ou objetos da história e recortem, fazendo como se fossem mini fantoches (inclusive levo palitos para colagem) ou cenário móvel dessa contação, costumo conseguir o envolvimento de todos, inclusive dos alunos com defasagem na aprendizagem.

Quando o educador se propõe a realizar atividades dessa natureza com seu envolvimento pleno, conseguirá também envolver os seus alunos, pois conseguem observar a paixão no olhar e atitudes do seu educador, deixando assim se envolverem tanto quanto eles sentem segurança naquilo que o adulto está apresentando a eles, realizando com empenho e satisfação tal atividade proposta que, para eles, será uma brincadeira sobre a história contada, agindo assim as marcas e envolvimento ocorrerá de maneira tranquila e natural, sempre empenhados e dedicados na realização plena, com certeza o educador perceberá o envolvimento e aceitação deles, buscando assim observar e analisar do que mais gostaram o que fez com que se envolvessem mais, de quanto em quanto tempo reaplicará essa ou aquela técnica escolhida, assim por diante.

Muito prazeroso fazer uma rotina escolar acompanhada do envolvimento e aceitação de todos, a começar do educador. Se a série trabalhada for de alfabetização, o educador poderá também montar um painel na parede para que registrem o nome da leitura diária nela, poderá deixar que eles anotassem nesse painel, um a cada dia sob a orientação do educador e conforme o combinado para essa escolha do “Escriba do dia”, ou até mesmo eles terem essa tabela no caderno registrando também nele essa história trabalhada.

Quando se inicia essa atividade o educador pode se preocupar em selecionar tais livros, ou será que consigo ter tantos livros assim para ler, entre outros questionamentos, porém ao iniciar poderá provar quão prazerosa é essa “Leitura do Dia”, como é bom permitir-se envolver com alguns minutos de leitura fruição e contação de histórias, alivia a rotina escolar, auxilia no controle do comportamento inadequado e envolve a praticamente todos os alunos numa mesma atividade de simples execução, sendo assim as ideias e sugestões de atividades/leituras brotarão como se fervilhassem os pensamentos, um desejo de envolver os demais educandos nessa experimentação prazerosa e eficaz de tão simples realização florescerá as inovações e diversidade de aplicabilidade que ao olhar para um mês de atividades/leituras realizadas você se orgulhará de si e dos seus alunos, tomará uma injeção de ânimo e desejo em continuar cada dia mais oportunizando a todos ao seu redor.

 

Considerações Finais     

Como pudemos perceber, durante as leituras realizadas, a contação de histórias tem caminhado lado a lado com o ser humano, desde as primeiras civilizações, evoluindo junto da fala e ganhando força maior após a leitura. Estar atento para praticar este processo em sala de aula poderá ajudar os professores da Educação Infantil e das séries iniciais do Ensino Fundamental a formar cidadãos mais conscientes e críticos. Sabendo que o ouvir histórias pode contribuir no desenvolvimento cognitivo e social das crianças devemos fazer dessa prática uma rotina em sala de aula, abusar desta oportunidade que temos ao alcance das nossas mãos, possibilidade de apresentar, dia a dia um conto novo, uma dinâmica diferenciada para tal leitura, procurando sempre envolver a todos os alunos da sala de aula, cada qual com suas particularidades e necessidades de ensino-aprendizagem.

Diante das pesquisas feitas para contribuir com esse artigo, asseguro que o educador que procura explorar este recurso tem uma evolução satisfatória no aprendizado dos seus alunos, melhorando a interpretação, dicção, relacionamento pessoal e social, clareza diante da postura nos problemas apresentados, criatividade e produção oral e escrita. Temos em nossas mãos um forte aliado que nos ajudará a melhorar tanto na qualidade de nossas aulas como na evolução de aprendizagem escolar.

De forma simples, como leitura ou mais estruturada e estudada, como uma contação de histórias podemos dar sentido significativo na necessidade do aluno ler e compreender o que está lendo, tomar para si a responsabilidade de saber ouvir e interpretar o que se ouve, buscar sempre ponderar suas decisões e assumir suas responsabilidades diante das atitudes que tomou na percurso do seu cotidiano, pois se comprovou que a história ajuda a criança no seu desenvolvimento psicológico e moral, fortalecendo a saúde mental do ser em desenvolvimento.

Sugiro então, que iniciemos uma mudança de postura o quanto antes para verificar tais melhorias com a leitura fruição e contação de histórias diariamente em nossas salas de aula, resultados positivos em prol do letramento e decodificação social, para aqueles que já fazem uso da mesma, sugiro que inovem sempre e ampliem seu repertório, criem e divulguem suas experiências para que possamos trilhar o mesmo caminho de sucesso e satisfação plena, visando sempre o melhor para nossos educandos.

 Espero poder contribuir e evoluir cada vez mais rumo a melhoria do ensino-aprendizagem através da Leitura em sala de aula, alcançando sempre os melhores resultados possíveis, estará atenta as novidades e estudos, dar ênfase no aperfeiçoamento profissional, qualificando-me rumo ao sucesso escolar dos meus educandos, tanto aqueles da Educação Infantil quanto aqueles do Ensino Fundamental.

 

BIBLIOGRAFIA

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NOVA ESCOLA, Para a escritora Tatiana Belinky, o livro é um objeto mágico. Disponível em: . Acesso em 25 de novembro de 2016.

ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 10ª ed. São Paulo: Global, 1998.

 


[1] No município onde atuo profissionalmente vejo isso de perto.